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Volto a este tema, porque na altura em que caí no desemprego estava bastante aliviado por não ter que alinhar nos jantares de Natal da empresa, mas agora, com o passar do tempo, já não me importava nada de participar num, seja do tipo que fosse...
E os tipos exitentes são:
O DESGRAÇADO:
Quando a empresa é pequena, familiar, com 400 anos de existência, no mínimo, e onde temos de conviver durante o jantar diretamente com os donos. É tudo muito redutor. Somos nós, mais um ou outro, mais jovens, rodeados por pessoas que ainda vibram com o último vinil do Tony de Matos ou o best of acústico da Maria Guinot. Onde a bombazina e o terylene, tal como a camisa Victor Emmanuel, e os sapatos de berloque, dominam o traje do patrão. A esposa (reparem no termo esposa - é o que se encaixa na modalidade), bem-posta, gosta de carregar nas rendas que se confundem com naperons, e de usar algumas transparências, para exibir, vaidosamente, os braços desnudos e roliços. Os perfumes de odor carregado, comprados ao litro, duram tranquilamente as cinco horas do jantar e só saem com a passagem de um pano com diluente.
Neste tipo de jantar deparamo-nos com algo abominável: as moules... Como se não chegasse a bizarria das moules, a utilizadora, no jantar em que participei do género, ainda se esqueceu de passar a pedra pomes nas côdeas, ficando uma área esbranquiçada nos calcanhares, com bicos, perigosa para quem se aproximasse daquilo. A conversa é dolorosa. Há que manter o sorriso 38 e vibrar com a Vila Faia e o ZIP ZIP como não houvesse amanhã; aprender como o mundo deve ser e como antigamente é que era bom. É mais intimista, fala-se muito dos objetivos da empresa e no sucesso do próximo ano. Acaba por ser um jantar de trabalho com bafo a naftalina, onde os chefes acreditam que o futuro são as máquinas de escrever.
DAS DESCOBERTAS:
É aquele em que a empresa já é maior e mistura-se tudo - direção e funcionários -, ainda que, mais seleto que o "Faca na Liga"(ler mais abaixo). No qual descobrimos a "saúde" que várias colegas têm e que anda escondida durante o ano de trabalho. Altura em que os lances que foram sendo marinados durante meses saltam à luz do dia. A senhora do economato com o chefe de manutenção; o rapaz da contabilidade com o soldador musculado que na terra dele já era conhecido pela Zélia de Cantanhede. Até a Idália das secção de peças, com uns copos em cima, acaba por se descair e confessar que tem o sonho de fazer a rota Lisboa Paris a conduzir um TIR, com o nome Mendonça no vidro da frente escrito numa matrícula. É revelado que a tininha que não parte um prato é uma ganda maluca e que faz a dança do ventre como uma profissional. Quanto ao que se pensava choninhas, antes de começar o jantar já está a vomitar em cima da mulher do director, a quem chama de madura, além de lhe confessar que todos os dias pensa nela no wc.
Também há as meninas que querem agradar aos diretores, que com ar de vendedores de eletrodomésticos a gás, estão dispostos a varrer tudo o que lhes apareça. Passada meia hora de jantar, já há gritos, os sapatos altos prendem-se nas orelhas dos homens, as gravatas, sobem à testa, as camisas, abrem-se, e está tudo pronto, a suar em bica, para andar em volta das mesas a fazer o comboio. Juras de amor eterno entre colegas, e pedidos de desculpas por traições feitas, são ementa habitual, não sendo de descartar, choro e olhos esborratados, depois do segundo copo de sangria bebido de penálti. É um jantar em que nas semanas a seguir, muitos dos participantes, se escondem uns dos outros...
O BIZARRO
Acontece quando ninguém quer ir, mas as encalhadas e os encalhados fazem questão de os organizar para ver se pinga alguma coisa. Para criar elan é fundamental levar a prendinha manhosa: "não pode ser mais que cinco euros". Os comprometidos normalmente "não tiveram tempo para comprar", "não sabiam que comprar", ou embrulharam uma treta qualquer que tinham lá para casa. Chegada à altura da abertura das prendas, as ofertas dos descomprometidos não foge aos preservativos, cuecas de fio dental, ou algo a ver com sexo. O momento é triste, pois passados minutos elas já estão a fazer balões com os preservativos e eles, com as cuecas vestidas por cima das calças ou enfiadas na cabeça.
Nestes casos o fim de noite é habitualmente num karaoke onde primeiro ninguém quer cantar, mas depois de dois shots de vodka já está tudo em cima do palco agarrado ao microfone. Por norma há sempre uma das participantes que termina a noite a chorar e em depressão.
FACA NA LIGA
Não há direção, diretores, e é a aviar cartuxo. Metade já chega bem-disposto ao repasto para cortar caminho. É do novo ao velho: solteiros, casados, mal casados, divorciados, tudo ao molho e fé em Deus. A indumentária escolhida pelas participantes é a mais arrojada e, em pleno Dezembro, faz inveja ao dia mais quente de Agosto. Sapatos de fazer escalada e austeridade no pano é o que se pode apreciar; eles, coisas justas e modernas. Momento de caça furtiva. Beber até cair, e convívio com fartura. Azias entre concorrentes, que perdem a sua peça de caça para uma/um rival. Faz tudo parte. Quando participei nestes, depois, na discoteca, levava a noite a coçar a virilha como se fosse o maior guitarrista do mundo. Exacto, daqueles tristes que veem nas pistas de dança.
Lembro-me perfeitamente de em algum dia ter de participado e incentivado estes tipos de jantares. Achava sempre que seria a minha grande noite e iria faturar uma peça de caça, mas invariavelmente acabava a noite sozinho, entretido comigo mesmo no conforto do lar.
No fundo no fundo acho mesmo, ainda hoje, que não se deve misturar trabalho com prazer. Dá sempre barraca e constatei isso mais que uma vez. O dia a seguir era terrível para alguns...Ou é isto ou como as peças de caça não me passavam cartão, optei por achar que era eu que não queria...Ou queriam? Nunca saberei.
Lógico que há quem vá pelo simples prazer do convívio e da brincadeira, mas o sal dos jantares é e será sempre as conversas e as cusquices pós-jantares.
Não sentem o mesmo? Gostam de ir? Não gostam? Já participaram em algum do género? Diferente? - Se calhar é melhor não responderem, porque hoje, nas redes sociais, está sempre alguém à espreita…
No fim-de-semana fui enganado pela minha prima, que me pediu para ir com ela àquelas lojas de roupa para jovens. E realmente deparei-me com toda uma fauna, que já tinha ouvido falar, mas nunca tinha desenvolvido contactos tão próximos. Se calhar sou eu que estou a ficar velho, o que também é um facto, mas há ali pormenores que podemos falar um bocadinho....
Constatei que são lojas que só lhes falta os bares e cobrar à entrada para serem discotecas. Lá dentro temos música e um micro-clima que se passa do rigor do inverno cá fora para a força do verão lá dentro, só cruzando a porta. Para a próxima levo uma cerveja e encosto-me ao balcão. Pois pois, eu pensava que aquilo era só para miúdos, mas às vezes vê-se passar uma ou outra madura, já com o chassi arreado, é certo, mas nunca se sabe o dia de amanhã.
Eu ainda tentei pôr um ar jovem e moderno, mas cheirou-me que não estava a resultar, pois começaram a olhar para mim com receio que me estivesse a sentir mal. Desisti.
Fui atendido por um rapaz que se perder o emprego pode ir para regador pela quantidade de piercings que ostentava. Ao início pensei que o coitado sofria de aftas: mostrava a fala apanhada e estava sempre a sorver a baba; só depois me apercebi que tinha uma bola de ferro na língua, que combinava como um anel no beiço inferior. Aquilo ficava giro, e até gosto de ver, mas não estou habituado a acabar as frases de um empregado que vejo em sofrimento. Já o ferro sistematicamente de fora a prender no lábio inferior para dar estilo também é ótimo para evitar a ferrugem.
Outra coisa que achei curiosa: os funcionários terem decotes maiores que as funcionárias para mostrarem a tatuagem peitoral, em mandarim, dedicada a parentes próximos, certamente. Sonho um dia ver um cidadão chinês com o gémeo tatuado com palavras em português. Uma sugestão que faço aos empregados destes espaços: tentem fazer tatuagens em locais onde o esforço para mostrar o golfinho e o pôr do sol no fundo das costas não os obrigue a usar mangas no lugar do pescoço. Fica esquisito, a sério. Uma menina tatuou Henrique no pulso. Não vamos fazer comentários.
Já nem falo nas leggings para homem que estavam lá à venda. Logo pensei que aquilo eram calções de ciclista, mas não. Eram mesmo calças aconchegantes que depois de vestidas só saem com diluente e uma grosa. Nem vou perguntar onde é que ficam as bolas de bilhar e o zé besugo para não criar aqui uma conversa menos recomendável. Ainda me senti tentado a experimentar, mas não levei uma cueca condizente. Aquelas que são só um baraço, não sei se estão a ver. Segundo os entendidos fica mal usar um "saco de pão" com aquilo.
No entanto como bronco que sou, pensei que estas lojas eram destinadas somente à juventude, mas, como disse, vêem-se lá senhoras, na casa dos 50/60 anos, que ainda não perceberam que comprar roupa em lojas onde o M representa um XS numa loja normal, pode não ser a melhor opção.
Vem isto a propósito porque cruzei o olhar com uma senhora já desgastada pela erosão, que entrou na loja com os seios imponentes a abrir caminho, e munida de uma calcinha justa, elástica, tipo um paio embalado, de padrão colorido para não dar nas vistas a mais de 150 metros de distância (Os peregrinos de Fátima podiam arriscar o modelo. Parece-me bem mais eficaz que o colete). Basicamente uma mulher confiante em que o mundo está a seus pés. Eu fiquei siderado, porque admiro pessoas com a confiança lá em cima, e ninguém tem nada com isso, mas quando a vi pegar numa peça de roupa, basicamente uma tira de pano mínima, que para mim era uma fita de cabelo, mas que posteriormente percebi que era um top, compreendi que estou a precisar de sair mais.
Conclui que estou velho e ultrapassado: sinceramente não acreditava que fosse possível comprar uma muda de roupa com gabardina incluída, e que tudo coubesse num porta-moedas.
Estou a ver bem não estou?
(Reposição do facebook - escrito a 21 de Março de 2013)
Ontem fui ao encontro de um amigo que me pediu para lhe entregar em mão um currículo em papel para que o deixasse nos recursos humanos. Isto é importante, mas o assunto que me leva a escrever não é este.
Enquanto aguardava por ele na sala de espera, partilhei o espaço com algumas pessoas, que tal como eu, passavam o tempo das mais variadas maneiras. Uns olhavam para o teto; outros mexiam no telemóvel; outros no Ipad; outros liam o jornal; enquanto eu, sem Ipad, Jornal, com telemóvel, mas sem net, limitava-me a fazer aquela figurinha infeliz de micar os outros pelo canto do olho sem que fosse notado.
Nesta minha análise consegui identificar um homem e uma mulher com dois hábitos que pessoalmente não sou apreciador:
i) Na mulher: estava ela muito bem ataviada, com aquele estilo a atirar para o tiazoca, munida de um par de óculos que em cima de um telhado davam dois potentes painéis solares, quando notei que mascava uma pastilha como se não houvesse amanhã. O facto de estar à espera e distraída alheou-a de quem a rodeava, não se apercebendo que eu estava à coca. Gradualmente a degustação da pastilha já era feita de boca aberta, com exibição das amígdalas e respetivo "sino", para quem quisesse ver. Feio feio! Considero que mascar pastilha em público deve responder a alguns critérios, entre eles, fazê-lo de boca fechada... Balões, também estão fora de cogitação!
ii) No homem: vi o famoso toque de embraiagem (aconchego das partes íntimas), com ligeiro afago, acompanhado de uma pequena elevação da perna esquerda, tudo, concluído com esgar de satisfação pela missão bem sucedida. Acho mesmo que numa das vezes o senhor esteve próximo de partir o cabo, tal não foi o vigor empregue na tarefa.
Tenho para mim que, arrumar, afagar, estimular as miudezas, ou afinar o cabo, em público, não traz benefícios ao "afinador".
O Desemprego faz-nos olhar o mundo com muito mais atenção...
(Reposição do Facebook)
Esta nova coleção da Diesel, mais especificamente o modelo que vos mostro na fotografia. Certamente será uma nova tendência para aquelas pessoas que necessitam de estar em contacto com o chão que pisam. Claro que para usufruir do modelo na sua plenitude, convém que os dois dedos mais pequenos sejam extensíveis como estes, bastando esticá-los para sentir a superfície. São ótimos para quem trabalha na construção, pois deixando crescer a unha do dedo pequeno, dará para fazer as necessárias marcações, sem necessitar de se agachar. Para ver a temperatura da água sem se descalçar também são indicados. Outra valência que esta sandália tem é se conseguir dobrar os dedos para baixo, terá uns sapatos perfeitamente normais. Nesta situação é aconselhável colocar duas unhas postiças para que não fiquem só dois cotozinhos a aparecer. Quem concebeu este modelo podia ter feito a base do sapato maior, que comportasse os dedos todos, mas o objetivo, segundo apurei, foi abranger aquelas pessoas que só têm três dedos. O conforto desta sandália é notório e na parte onde a planta do pé não assenta, essa entrada de ar, serve como refrigerador para evitar o mau cheiro. Numa coisa o criador esteve bem. Para que o sapato não se estrague rapidamente, o dedão vai servir de para-choques, saindo da plataforma o suficiente, para que o utilizador chegue a casa com os sapatos novos e os dedos grandes dos pés desgastados o suficiente para ficarem à face.
Ou foi isto que aconteceu ou o sapato é pequeno para o pé ou o pé grande para o sapato. Ok é o mesmo. Também referir que o modelo de pés deixam um pouquinho a desejar. Não é comum ver um polvo de sandálias. Esta sandália também trás um kit de primeiros socorros e respetivo seguro. O governo quer proibir o uso desta sandália para evitar as reformas por invalidez
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