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Este é um post dedicado aos homens que seguem a página (e às mulheres também). É um tema pouco tratado mas fulcral em muitas relações amorosas: falo obviamente da remoção de "pontos negros", "espinhas", ou "bicos". Dirijo-me àqueles mártires que sofrem horrores às mãos das suas caras-metades; mãos que deixam de ser delicadas e se transformam em garras, que vos escarafuncham a pele, até furar a carne para sacar aquela gordura viscosa. Dirijo-me àqueles mártires que parecendo que foram baleados, pedem clemência, e ainda são apelidados de "mariquinhas".
O processo tem várias etapas para a obtenção do objetivo:
A) Fase Sherlock Holmes. É o momento em que elas olham para nós com ar alucinado: "tens aí um bico a olhar para mim".
Primeira reflexão: o ponto negro não olha para ninguém e 95% das vezes não há ponto negro nenhum.
B) Fase Analista. Feita em registo fofinho para amansar a presa que está renitente: "deixa só ver, não te vou fazer nada, não sejas assim". "Não fujas"!
Como é óbvio a partir daqui não há volta atrás. Estão "cegas"!
C) Fase Canto da Sereia. A presa (nós) está praticamente dominada, só falta transmitir confiança que os seus dedos são bisturis e estão preparados para aquele ato médico. "Não uso as unhas, e se te doer paro logo, prometo. Não confias em mim"?
Claro que não confiamos e a promessa vale menos que o Banco Popular que foi vendido por 1€. Elas nunca param se doer. Até apertam mais pois já sabem que vamos fugir e dão tudo para nos rebentarem. Depois, usam sempre as unhas.
D) Fase Passos Coelho: "Tiro isso num instante, nem vais sentir". "Basta apertar um bocadinho. Já está cá fora e tudo".
Não está nada. Nós sabemos que não está e elas também.
E) Fase Chantagista. Como resistimos somos manipulados: "queres andar assim anda que estás bonito. Eu tinha vergonha".
Neste momento começa a coação psicológica. Ninguém nota um ponto negro e se nota ninguém nos vai achar bonitos ou feios por algo que mal se vê. Falam como se tivéssemos quatro orelhas e duas cabeças.
F) Fase Prova de Amor: "Se gostasses de mim deixavas". "Deixa estar. Não queres não queres". "Agora não venhas para o pé de mim com isso assim".
Nós já deixamos de ser uma pessoa, já só somos um ponto negro.
G) Fase é a Vida. Obviamente acabamos por ceder e tudo corre como prevíramos, só elas acham que não: "não está nada a doer, estou a tirar com cuidado"; "está mesmo a sair, não te mexas".
A doer? Naaa. Lá agora. Pimenta no rabo do outro é refresco. Estamos com elas em cima de nós a arfar e a abrir as narinas, como se estivessem a esventrar um porco. "Para quieto, assim é que te aleijo mesmo". Claro, é natural e óbvio que no fim de tudo a culpa só podia ser nossa. Adiante.
H) Fase Manipuladora. Nesta altura, de rastos, e dilacerados pela tortura, ouvimos afavelmente: "anda cá, achas que te quero aleijar"?; "o pior já passou, afinal estava mais interior do que parecia".
Pois é. Calha sempre assim. E se não querem aleijar, disfarçam mal, pensamos nós. Mas desenganem-se, isto dá-lhes prazer. Por vezes fazem ar sério para parecer que estão a sentir a nossa dor e de repente disparam a rir. Elas sabem bem.
I) Fase Achincalho: esta é a parte onde vale tudo até arruinar o ego do homem por causa de um ponto negro. "Não sejas mariquinhas"; "até parece que te estou a magoar"; "és um homem"; "imagina se desses à luz".
Estas são as expressões que nos dirigem quando têm noção que nos estão a magoar mas não querem admitir. Enfim...
J) Fase Militar: começamos a espernear, já com um berlinde no lugar do ponto negro, e elas a morder o lábio, não facilitam: "já saiu um bocadinho, espera"!; "agora tiro tudo. Se aguentaste até aqui"!
Lembram-se que "não doía"? Já vamos no, "aguentaste até aqui".
L) Fase Mulher Cândida: parecemos um cristo, já temos três orelhas, e é quando veem a asneira que estiveram a fazer: "deixa estar, com tanta queixa não vale a pena"; "não quero que digas que te magoei".
Depois destas frases, por norma, andamos um par de dias marcados, com dores, e em vez do tal ponto negro que ninguém via, temos uma bola de pão interna.
M) Fase Parecia Mesmo: crivados de unhadas sem dó nem piedade, escutamos: "Afinal não era um ponto negro, era uma borbulha, mas parecia mesmo".
Jura! Naaaa!
N) Fase Contrição: "não ficou marca nenhuma, não estejas a mexer".
Os sortudos nesta fase recebem um beijinho em jeito de pedido de desculpas, acompanhado por uma festinha rápida para espalhar o sangue e disfarçar o lindo trabalho.
O) Fase Altruísta: "tens aí outro ponto negro, mas fica para a próxima... Não quero que digas que te quero massacrar".
Bonito! Acho que provavelmente querem que agradeçamos. Fico sempre com essa ideia.
EM CASO DE RARO SUCESSO NA REMOÇÃO DO PONTO NEGRO:
A) Fase Triunfante: "não está melhor assim"?; "custou alguma coisa"?
Neste caso ficam com um papo que ninguém as aguenta. Parece que descobriram a pólvora. O pior é que com isto pensam que garantiram créditos para repetirem a graça.
E quando nos querem mostrar o produto da tarefa cheias de orgulho? Aquele paté que nos sacaram do corpo. É realmente estranho. Tudo é estranho, diga-se.
A sério, para as fãs dos pontos negros, não o façam. É desagradável! Sim eu sei, há homens que gostam que lhes tirem. "Porquê"; "Porquê"?!
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