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Ontem estive a ver o Pesadelo na Cozinha, programada TVI, e fiquei traumatizado. Agora quando for comer fora, nem que seja à casa de alguém, levo um pão e peço um copo de água. Nem isso, levo o copo também. Isto porque se comer um bife com cogumelos, prefiro que os "cogumelos" não tenham crescido no próprio bife. Quem vier à minha casa nisto pode estar descasado: aos convidados só sirvo massa com atum. A massa é difícil estragar-se e o atum, primeiro passa a lata de prazo do que o próprio atum.
Muitos dizem que a produção do programa "obriga" àquela javardice. Epá não acredito! Nem eu, no tempo que fui estudante deslocado, quando a minha mãe me visitava deixava que me visse o "pesadelo no frigorífico"; os boxers em cima da mesa da sala; ou as meias no microondas. Sim eu já sequei roupa no microondas. Certo dia de uma t-shirt, tamanho L, fiz uma camisolinha para um bebé prematuro. Antes da minha mãe chegar, na noite anterior fazia a faxina, a casa ficava um brinco. Perguntava-me sempre a razão do frigorífico estar tão vazio, ao que respondia que o tinha descongelado. E nunca me aproximei de um "pesadelo na cozinha". É verdade que cheguei, só uma vez, a ter bolinhas verdes na sopa...e não eram ervilhas.
Mas imaginem ter convidados, e a televisão em vossa casa, e os receberem a cortar as unhas dos pés com a tesoura do peixe; deixarem a sanita com vestígios da açorda que comeram na noite anterior; ou servirem a comida em louça tão mal levada que os bagos de arroz colados e rijos já parecem decoração dos pratos. Eu sei que fui um bocado badalhoco nestes exemplos, mas é para perceberem o meu ponto. Temos o nosso brio. Aquilo é mesmo dos donos dos restaurantes. Custa-me acreditar que alguém aceite passar por javardolas na televisão se não o for e não tiver orgulho nisso. Eles riem-se: "olhe, tem um anão morto em decomposição na arca", diz o chef. "Eu sei, só vendemos uma coxa do anão, não o íamos jogar fora. Sai pouco sabe, mas ainda dá para hambúrgueres", responde o dono. Este é o espírito. Descontraído.
Depois, no programa de ontem, surgiu a directora de marketing do espaço, muito lavada, que disse que a equipa do restaurante era uma bosta; o restaurante estava uma bosta; e que quem é que queria ir trabalhar para Santarém, cidade que para a senhora, era outra bosta. Para quem gere a imagem do restaurante não se pode dizer que não fez um bom trabalho. E segundo sei recebe ordenado ao fim do mês para falar mal da empresa que lhe paga e nada fazer para mudar o que está mal. No fundo está ao nível da cozinha: uma directora de bosta.
Uma coisa que percebi pelo que fui ler é que nestes restaurantes não há quem saiba cozinhar, servir à mesa, e gerir os restaurantes. Contratam pessoas para trabalhar num restaurante como se estivessem a abrir um canil. "Gosta de animais? Sim? Óptimo, amanhã começa a servir à mesa". Basicamente é como ir a um cabeleireiro e o tipo que está lá só saber que é com tesouras que se corta o cabelo, ou ir a um concerto e a Maria Leal aparecer para cantar. Não pode correr bem.
Antes disto, sabe-se que os restaurantes pediram ajuda, porque "não tem clientes". Na! A sério? Jura! É que não se entende porquê...
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