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Ontem fomos mais uma vez ao circo com os "famosos", mascarados de palhaços como habitualmente. Falo obviamente do espetáculo de variedades com que nos brindaram para "encerrar" o caso BPN.
Mas antes de irmos ao cerne da questão quero sublinhar o azar que tivemos que o Doutor Oliveira e Costa não tivesse adoecido enquanto estava na liderança do BPN. Senão vejamos: "em 400 sessões do julgamento do caso BPN, Oliveira e Costa só esteve presente numa ocasião". "Na primeira". Tudo devido a doença. Agora imaginem que tínhamos a felicidade dele ter faltado 400 vezes ao trabalho quando geria o BPN? Se calhar a golpada tinha ficado pela metade. Mas infelizmente aí estava fresquinho que nem uma alface e na posse de todas as suas faculdades de larápio. Tenho um dedo que desconfia que com a sentença de ontem, a sua condição de saúde irá melhorar a olhos vistos, pois já não será preciso comparecer em tribunal nos próximos tempos. Quando for adoece de novo.
Passando à "vaca fria", e ouvida a sentença, vi muita gente contente com as penas aplicadas aos arguidos, mas ainda não percebi porquê. Armando Vara há quase três anos também foi condenado a cinco anos de pena efetiva, e o mais certo é que estará tão preocupado com isso que já mudou a água da piscina, com o dinheiro com que se abotoou, para relaxar do stress acumulado.
A mesma preocupação terá Oliveira e Costa, com os 14 anos de prisão que levou. Atualmente com 80 anos, quando o forem buscar a casa para cumprir pena, a família entregará à polícia o pote com as cinzas do senhor e pede para as porem numa zona soalheira e arejada. A única solução é que Oliveira e Costa viva até aos 230 anos para esgotar todos os recursos que o impeçam ir de "gaveta". Talvez assim cumpra alguma coisa. Ah, esqueçam. Antes prescreve. E nem sequer é preciso isso, diga-se. Com a idade que tem, e como não cometeu nenhum crime violento, pela lei, pode cumprir a pena em casa. Como sou má-língua acho que só não há mais culpados proeminentes devido a muitos ainda não terem completado 80 anos.
Cavaco Silva depois de romper a forte amizade com Dias Loureiro, deve estar também muito desiludido com Oliveira e Costa, outro amigo de longa data. Juntando-se Duarte Lima e mais um par deles, o ex presidente da república não teve muita sorte com as amizades. Salvou-se ele, pois, "mais sério que ele tinham de nascer duas vezes". Infelizmente só arranjou amigos que nasceram de parto prematuro.
A verdade é que a sentença para Oliveira e Costa é um descanso: já sabe o tempo que não vai cumprir, já ninguém o maça com isto, e pode ir gozar o que gamou em paz. Sim, agora já se pode tirar o "alegadamente" ao gamou. Por exemplo, se encontrarem o Doutor Oliveira e Costa na rua podem dizer: "olá Doutor Gatuno, tem gamado bem"?, sem problemas de processos.
Mas é um facto que as coisas mudaram: antigamente era tudo ilibado, ou os processos prescreviam, agora atribuem-se penas de prisão efetivas, mas ninguém vai "dentro". O menu é o mesmo, só mudou o cheiro. Já lá vai o tempo em que davam as "palmadas", ficavam com o dinheiro, mas não queriam ser conhecidos na sociedade como ladrões. Como o povo começou a "levantar cabelo", passaram a dar as mesmas palmadas, continuaram a ficar com o dinheiro, mas hoje estão-se a borrifar se são conhecidos na sociedade como ladrões. Simples. É preciso é dar palha ao povo para o manter calado e dar o ar que há justiça. "Eles até levaram penas longas de prisão" - foi o que já se começou a ouvir pelos comentadores. E assim ficamos com a sensação que as coisas mudaram, mas no fim de contas… é só mesmo a sensação, porque… "Se os arguidos não concordarem com as penas podem recorrer". Daqui para a frente é interpor recursos e recursinhos até prescrever ou algo similar e está feitinho. Preso é que ninguém vai. Desenganem-se. Nada mudou.
No entanto estamos no bom caminho: mais 10 ou 15 bancos falidos e talvez um contabilista possa ser realmente preso.
Lembram-se do sketch do Gato Fedorento sobre o aborto com o "Professor Marcelo"? Vejam a versão BPN e digam que não faz sentido.
— Pode ser preso?
— Pode!
— Vai ser preso?
— Não!
— Mas não levou prisão efetiva?
— Levou!
— E isso não significa prisão?
— Significa!
— Então vai ser preso?
— Não!
— Mas pode?
— Pode!
É mais ou menos isto.
Termino com um exemplo da brincadeira que tem sido este caso, e vai continuar a ser: "É um homem honesto e integro e não tem um cêntimo do dinheiro do BPN". Estas palavras são do advogado de Oliveira e Costa. Isto é tudo verdade. Os advogados não mentem, mas só faltou explicar a razão do seu cliente se ter divorciado e passado tudo para o nome da mulher quando rebentou o escândalo do BPN.
Vai mais um fardo de palha?
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