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Hoje inauguro uma rubrica nova que consiste em fazer as entrevistas que todos gostaríamos de ver feitas, mas que nunca acontecerão. O meu primeiro convidado é o Doutor Marques Mendes.
Gajo
Olá doutor Marque Mendes. Fique descansado que não vou fazer nenhuma piada com a sua altura. Compra os sapatos na Chicco?
Doutor Marques Mentes
Na Natura, e faço as palmilhas com notas de 500 euros. É material antialérgico e evito andar de carteira.
Gajo
Boa deixa: essas notas serão da venda ilegal de ações que fez com Joaquim Coimbra, em 2010 e 2011, que terão lesado o Estado em 773 mil euros. Notícia DN
Doutor Marques Mentes
Já respondi a isso e na altura disse que "que não me lembrava" dessa venda de ações; o mais natural é que me tenha esquecido de pagar ao fisco. Depois sou péssimo com números, mas muito bom a fazer contas em papel manteiga.
Gajo
Isso de ser esquecido é algo que o persegue: foi condenado por conduzir em excesso de velocidade, e recorreu dizendo que não se lembrava de ir a conduzir naquele dia, mas sem conseguir precisar se afinal era o senhor, a sua mulher ou o seu filho, que também utilizam aquele carro" - Notícia DN
Doutor Marques Mentes
É verdade. Era eu que ia a conduzir mas não me recordo. Além disso o polícia não me pode ter visto.
Gajo
Os vidros são fumados?
Doutor Marques Mentes
Fico nivelado com a manete das mudanças.
Gajo
Passando à frente: Nem se recorda de ser sócio de uma empresa envolvida no caso dos "Vistos Gold"? - Notícia DN
Doutor Marques Mentes
Como vê, sou esquecido. Se fosse uma vez ainda se podia dizer que estava a mentir…duas…
Gajo
Doutor Marques Mentes?
Doutor Marques Mentes
Sim?
Gajo
Tive receio que se tivesse esquecido do seu nome…Sendo assim não vale a pena perguntar-lhe sobre ser outorgante da escriturada da ONG relacionada com Tecnoforma? - Notícia Jornal de Negócios
Doutor Marques Mentes
Para desempregado até me parece inteligente.
Gajo
Vou tentar a última vez: sobre ter sido apanhado pedir favores, para orientar Vistos Gold a duas brasileiras…. - Notícia Público
Doutor Marques Mentes
Isso também foi comigo?
Gajo
Sim, até há escutas disso.
Marques Mentes
Há? Bom, não imagina o rabo de uma delas. E já sabe, para vir uma, tinha de vir a amiga. Veja, arrisquei a ser preso para que aquele rabo não dormisse ao relento.
Gajo
Doutor Marques Mendes, a mentira tem a perna curta...
Doutor Marques Mentes
Disse que não fazia piadas com a minha altura!
Gajo
Não, mas assim qualquer dia tem as canelas do tamanho de um cálice de medronho.
Doutor Marques Mentes
Parafraseando um grande amigo meu: "têm de nascer duas vezes para serem mais honestos que eu".
Gajo
Desisto! O Aníbal é golpe baixo. Em suma, em Portugal é comum ver pessoas envolvidas em coisas pouco claras, com graves problemas de memória…
Marques Mentes
Sabe, vamos todos ao mesmo restaurante. Quando chegamos lá, lembramo-nos de tudo, quando saímos, combinamos e as coisas varrem-se-nos da memória. Talvez seja da água. Isto das águas...
Gajo
A talhe de foice, porque é que na SIC nunca lhe fazem estas perguntas, ou se descortina a razão de já não ter sido corrido de comentador, por ser uma pessoa tão esquecida?
Doutor Marques Mentes
Peço desculpa, tenho uma nota de 500 fora do sapato. Não me fazem estas perguntas porque eu trabalho para outros esquecidos, para me poder esquecer com eles das coisas que não nos interessam lembrar, e lembrar as que não interessam à geringonça. Eu sou um carteiro que entrega encomendas aos Domingos…
Gajo
Sem comentários. Para terminar: o que é um "facilitador"?
Doutor Marques Mentes
Cheira-me que o Gajo com entrevistas destas vai ter dificuldade em arranjar emprego...
Gajo
Pronto, resta-me agradecer a entrevista.
Doutor Marques Mentes
Foi um prazer dar uma entrevista a um desempregado. É a primeira vez, e até lhe peço no fim da entrevista um autógrafo, pois é o primeiro que conheço pessoalmente. Já agora, isso não é contagioso pois não?
Foi a entrevista possível.
Há dias atrás, sentei-me no sofá, acomodei-me, tapei-me com uma mantinha, e quando ia mudar de canal, o comando estava a três metros. Uma pessoa enerva-se. Isto é o mesmo que conhecer uma rapariga à noite, e no momento do coito ela dizer que se chama Renato e que apertou as ancas num torno. Mas o pior é dizerem-me: "calma, não te enerves, estás a ficar velho". Que raio é que a idade tem a ver com a distância a que o comando da TV está?
Chegados aqui, parece-me um bom ponto de partida para o tema que quero falar: coisas irritantes das pessoas.
Tira-me anos de vida ouvir "tá tranquilo, tá favorável". Ao mesmo nível só ouvir um humano dizer "lol". "Brutal" e "top" ao pé disto, parece-me português erudito. Quando dito por alguém acima dos 4 anos, a pena capital poder-se-ia adequar. Outro segmento que me dá comichão na sola dos pés é aquela gama de mulheres que só dá um beijinho. Fico possuído quando dou o balanço para o segundo beijinho, e pareço que estou a cabecear uma bola imaginária.
Agasta-me condutores não param nas passadeiras e levantam a mão a pedir desculpa. Faz-me lembrar uma amigo que quis fazer amor, apesar de pertinho, um bocadinho fora do local habitual, e depois de levar um chapada, lá teve de pedir umas desculpas falsas. Incomoda-me igualmente, na filas, os anónimos que se colam atrás, mandando aquele ar quente para o pescoço. Não há necessidade, a sério.
No outro dia puseram-me arroz de cenoura à frente. Para mim arroz de cenoura é talvez, a seguir a panos de cozinha usados, o pior que me podem dar para comer. Como se não bastasse, apetece-me esquartejar aquela pessoínha que diz: "és mesmo esquisitinho". Dá para não gostar de arroz de cenoura, sem ser enxovalhado? Na mesma linha, perguntarem-me "quando faço a barba". Tenho barba há anos, podia ser um indicativo das minhas intenções. Mas não, gostam de chatear. Sem esquecer os que já viram um filme, e qual tarólogos, têm de contar a história, sentindo-se verdadeiramente espetaculares. Nem que seja o filme sobre a vida de Jesus Cristo que toda a gente conhece. "No fim pregam o gajo…e morre… mas não conto mais nada"…."mas não morre…depois vês, senão não tem piada". Digam lá se não vos apetece agredir com ferros ou com os bicos do fondue estas pessoas?
E quando vamos comprar pão, já não há, mas dizem que têm uma broa-de-milho. Nós dizemos que não, não se dão por rendidos e, "ainda temos pão Deus"… Eu digo, já a ferver, "obrigado, queria mesmo pão". "Ah, então não temos". A partir daqui só me apetece roer um rodapé que esteja ali próximo. Por outro lado, fico inquieto com pessoas que atendem ao público depois de arrancar um dente sem anestesia. Que têm a simpatia do Sousa Tavares quando o proíbem de fumar ao pé de um bebé. Chato não é?
Ah, e as novas salas de espera dos centros de saúde que são as caixas multibanco? Depois de almoço, para ajudar à digestão, ir em excursão tirar o saldo é um novo desporto sénior. Olham para trás com aquele ar "de quem está para ficar", com uma ligeira altivez. Depois de despachadas, aquela dinâmica para arrumar o cartão? Abre a mala; tira a carteira; põe a mala debaixo do braço; abre a carteira; leva uma eternidade a dar com a frincha na napa da carteira para pôr o cartão; fecha a carteira, com a respetiva demora até dar o estalinho; tira a mala debaixo do braço; guarda a carteira; olha para a máquina; tira o talão; passa por nós, e olha de lado. Depois admiram-se de ouvir coisas do género: "era tão boa pessoa, mas ninguém sabe o que lhe passou pela cabeça para ter mordido uma senhora já de certa idade no cóccix, junto ao multibanco".
Podia continuar a dizer coisas que me chateiam, mas não saíamos daqui...
Nunca fui de ter muitas namoradas. Muito trabalhoso e requer um príncipe encantado que nunca fui, aliás, de príncipe, só tinha o cavalo….que era de pau, oferecido pela minha querida avô em pequeno. Que, constate-se, é curto para entusiasmar qualquer potencial namorada.
No entanto, como qualquer rapaz, e como a coisa já estava bem encaminhada, houve um determinado dia-dos-namorados, que apostei em convidar uma moçoila para jantar. Ofereci-lhe uns bombons, umas flores, e uma lingerie. No fundo, tirando as flores, escolhi presentes que também usufruísse. Era um investimento. Não queria ser como um "lesado do bes": investir para outro gozar o rendimento. Eu tinha uma política: o "dia dos namorados" era como o Natal, mas não acabava a noite a ouvir o meu tio emigrante do Luxemburgo a cantar em tronco nu. Da parte dela não poupou a gastos e ofereceu-me um lindo sorriso, e disse que eu era muito simpático pelas prendas.
A questão da lingerie, e como isto foi há uns anos largos, muitos largos, é que tive receio que a minha convidada fosse daquelas mulheres que gostavam de andar "confortáveis", e em caso de ser bafejado pela sorte, estava sujeito a ter à minha frente alguém preparado para ir tratar dos filhos. Por outro lado, não sou hipócrita: se ia jantar com ela no dia-dos-namorados, não fazia sentido oferecer um manual com as 100 espécies de gatos. Prendas para encher já lá estavam as flores e os bombons. Bombons diga-se que eram uma porcaria. Parecia chocolate de culinária. Comprei aquilo por causa da caixa. Tinha um coração bem piroso, mas estava a dar tudo, e tinha muita falta de experiência. Se fosse hoje, qualquer mulher, no dia a seguir, bloqueava-me o número de telemóvel. E com razão, diga-se.
Quanto às flores só as ofereci desta vez, pois ela esqueceu-se de levar uma jarra na mala, e fui eu que tive de acartar com o ramo. A solução para me livrar das flores foi ter-me feito de esquecido das flores no restaurante, e ainda reverti aquilo a meu favor: dei o ar de ter ficado triste, e fi-la sentir mal com isso. Já sei, estão a chamar-me nomes, mas o que não sabem é que cheguei ter a mão que segurava as flores roxa do frio. Quando me sentei no restaurante parecia que estava de luva preta.
Referir também, que quando abriu a caixa da lingerie, sorriu, e com ar meio gozão, disse: "não sei o que queres dizer com isto, queres-me explicar"? Eu: "Claro, a minha mãe hoje fez lulas recheadas, e por causa desse presente vim jantar contigo". Ainda hoje suspeito que ela não gostou da resposta. Se ela soubesse o que gosto de lulas, tinha-se derretido toda com o meu gesto. Lá estão vocês com coisas. "Só foste sair com ela para coiso". Claro, já andávamos em "negociações" havia tempo, que eu gostava dela, já sabia. A relações não são como os vendedores porta-a-porta das operadoras: "batem batem mas nunca entram".
É preciso frisar que ia muito melhor vestido que ela, que de certeza se vestiu às escuras, perto do roupeiro da tia Idalina. Olhava e só via lã. Só à conta dela, naquela noite, lixaram um par de ovelhas. E levava umas sabrinas. Ninguém vai jantar de sabrinas. Ela fez aquilo de propósito. Percebia-se o nó dos dedos dos pés. Ou seriam calos? Ou se calhar encolhia os dedos. Ainda hoje não sei. Estranho, muito estranho. Sabem aquelas sabrinas que têm um laço? Essas! Aquilo em caso de ferida ainda dava como fio para dar os pontos. Mas gostava dela, apesar da apresentação fazer da Paula Bobone uma mulher com bom gosto.
Depois, como é óbvio, fomos ao cinema ver um filme romântico. Impressionou-me ver a aflição da quantidade de homens sentados na sala de cinema, desesperados para que o filme passasse rápido para irem experimentar a "lingerie" deles. Havia uma cumplicidade no olhar entre os homens, e ainda faltava pelo menos hora e meia de sofrimento a ver aquilo, quando já sabíamos que ela ficava com ele, independentemente de quem tivesse empalitado quem. Só na ficção é que as mulheres choram quando um homem trai uma mulher, e depois volta para ela. Experimentem..., a ver o resultado. Mais, aqueles filmes acabam com a moral de um gajo. Nós nunca iremos ser assim: perfeitos, amorosos, românticos, de olhos azuis, loiros, e com um Ferrari para ir buscá-las ao spa. Depois do ego arrasado, sair do cinema, apanhar um táxi com 30 anos, e um taxista com saudades do Salazar, a cuspir pela janela, as chances de um final feliz na nossa vida real, diminuem consideravelmente. Para quebrar o gelo, ainda lhe falei no cavalo de pau que a minha avó me ofereceu e que ela podia dar uma volta... mas olhou para mim com certo desdém.
Já sei, querem saber se fui feliz…
Saímos do cinema, aquilo ia encaminhado, disse umas piadas, e atirei, confiante: "então onde vamos"? E ouvi: "tu não sei, eu vou para casa, amanhã tenho de me levantar cedo". Imaginem a minha azia. Fui despachado por uma gaja que na Moda Lisboa era barrada em Cantanhede, para não se aproximar muito da capital. Que me levou a ver um filme que ainda hoje não me esqueci, não por bons motivos, e pior, calçada com uma cena nos pés que nem para evitar as picadas dos peixe-aranha servia. Ainda olhei para a lingerie, mas, curiosamente, ao contrário das flores, nunca saiu das suas delicadas mãos.
Já em desespero mas sempre com fé, fui deixá-la a casa de táxi, a ver se… Saí do táxi, e…ela despediu-se. O táxi foi-se embora e fiquei ao frio à espera de outro, que demorou uma eternidade.
E assim terminou uma linda noite romântica.
As conversas continuaram, e dias depois convidou-me para jantar, mas azar dos azares, era dia de lulas.
Um dia perfeito não acham?
Ps- se por um acaso acharam que isto é tão bom como lulas, partilhem. Se acharam que se parece com iscas, deixem estar....
(Há um botãozinho aqui em baixo)
É oficial, estou a bater no fundo: Aconselharam-me a ler Gustavo Santos. Por aqui podem ver os belos "amigos" que tenho e o bem que me desejam. Pelo menos eram honestos! "Olha, mata-te".
Apesar disso, passei na página do escritor, Gustavo Santos, e a primeira coisa que li foi, "Ama-te". Mal li isso, segui o conselho e fechei a página imediatamente. Senti-me logo muito melhor. Afinal aquilo resulta mesmo!
Este casal se não fizesse o teste, ficava até ao dia da barragem dar de si, na dúvida se a senhora teria ou não engolido o esquentador na última vez que tomou banho.Pela cara de surpresa dela, de certeza que acreditava que a barriga ia ao lugar com Imodium, um chá de camomila, e meia horita de passadeira. Ou...ou o puto não é do gajo e ela está à rasca para justificar de onde apareceu aquele inchaço. "Grávida?! Não pode!" Ainda para mais se não comer hidratos e for todas as noites aconchegar a roupa ao vizinho do quinto.
No caso dele, não pela cara de parvo, mas só compreendo que esteja espantado, se emigrou há 10 meses - sem vir a casa - e for um homem sem a fé necessária para acreditar, que por ser carpinteiro, certamente, foi o Espírito Santo que passou lá por casa, enquanto a mulher estendia a roupa na corda.
Mas isto é tudo mentira! Não há mulher nenhuma no mundo que esperasse quase até dar o estouro, para saber a razão de não ver os joelhos há meses. Aliás as amigas avisavam-na logo que estava gorda que nem um porca, mas muito gira, agora que vestia o 52, e que de leggings parecia uma alheira de caça.
Este casal leva a expressão "ver para crer" muito à letra. Deve confiar mais no instintos. Havia ali um ou outro sinal que podia ser gravidez. Até a bruxa da SIC via logo que aquilo não era uma virose.
Por fim, sempre pensei que estes testes confirmavam a gravidez antes do puto ter um braço de fora.
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