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Pedro Passos Coelho não deixou os créditos por mãos alheias e bateu o recorde da treta mais rápida dita por um primeiro ministro na história da democracia. Depois de Cavaco Silva o indigitar às 8 da noite, no outro dia, pela fresquinha, já se sabia que a promessa da retirada ou diminuição da sobretaxa, afinal era a versão de 2015, para o "não tiro os subsídios", de 2011.
De 35%, diz-se que a devolução, na melhor das hipóteses será de 7%. Ou seja, Passos antes das eleições oferece um porco, mas depois das eleições, o porco regressa à casa de partida. Imagino o Passos Coelho no Natal: promete uma Barbie à filha, e na noite de natal oferece-lhe um coto da boneca. Mas o mais espetacular foi que o primeiro-ministro já sabia em junho que seria impossível retirar a sobretaxa, ou grande parte dela como prometeu. Dito isto, importa saber qual foi a sobretaxa de votos que a Coligação teve com esta promessa de livro de quadradinhos feita para enganar meninos.
Eu só não fui enganado porque quando vejo um unicórnio sentado a meu lado no sofá, confirmo sempre se o corno é de marfim. Se for, é um unicórnio verdadeiro, se não for é só um cavalo que apareceu por ali. De assinalar que até comentadores afetos à causa do "Pedro e Amigos", estimulados a dizerem o que estava à vista, falaram em "fraude eleitoral". Quem diz fraude diz golpada. Tudo termos que se podem usar sem sermos considerados ofensivos.
Por outro lado não percebo esta aflição de Passos Coelho por poder perder o emprego. Ainda sou do tempo em que ele dizia que os desempregados não podiam ser "piegas"; "que tinham de sair da zona de conforto"; "que o desemprego era uma oportunidade de mudar de vida"; ou para "emigrar. Afinal o Pedrocas é um "pieguito", e está com medo de perder o tacho. Perdão, o emprego. Aliás, o Pedro não deve não deve ter problemas em arranjar qualquer coisa em Bruxelas: depois de andar tanto tempo de cócoras, se se humilhar mais um bocadinho, de certeza que lhe oferecem um emprego, a fazer de capacho, à porta do gabinete da Merkel. Ou isso ou vai ao centro de emprego, tira a senha e é atendido pelo Ângelo Correia.
Eu estou a ser má língua, admito. Principalmente depois de ler a notícia de anteontem (25 de Outubro) do Jornal de Notícias, que diz que: "100 Boys foram nomeados em governo de gestão" (Ainda sou do tempo que Passos dizia que não era primeiro ministro para "arranjar lugares"). Mas o delicioso desta notícia é que os "cargos foram criados e ocupados na semana antes das eleições"; mas reparem no pormenor: "só depois das eleições começaram sair em Diário da República". As más-línguas dirão que isto pode não ser eticamente correto. Mas só as más-línguas, atenção. No entanto, faço a minha vénia ao Pedro, pelo altruísmo demonstrado, ao oferecer 100 tachos, sem ficar com nenhum para ele. Tenho os olhos rasos de água.
Estes tachos, perdão, empregos, que o Pedro e o Portas ofereceram à "família", não são mais que gestos normais para com os seus. Quem não põe a família em primeiro que atire a primeira pedra. Verdade?
Ontem estive a ouvir o Doutor Cavaco Silva e depois do discurso fiquei com a certeza que o Presidente não comemora o 5 de Outubro, mas no recato do lar assinala condignamente o 24 de Abril, e chora o 25, a ouvir o tema "ó tempo volta para trás".
Disse o Professo Aníbal que não pode dar posse a um governo integrado por partidos que sejam contra a NATO ou a UE. Ou seja, a democracia presidencial só aceita pessoas que pensem como ele. Estou aqui a pensar que nome se dá a este tipo de pessoas…são aqueles da ponta direita - falta-me agora o nome. Ai pá tivemos um durante décadas…Não estou mesmo a ver.
Aliás, 1 milhão de pessoas que votaram no Bloco e no PC, para Cavaco não contam. O ideal para o Presidente era dar-nos, quando vamos votar, em vez da "liberdade de voto", a liberdade de Cavaco". O professor dizia onde devíamos votar e nós íamos em carreirinha fazer o recado. Julgo até que não se devia votar. Quem pensava assim era um senhor com nome de árvore…ajudem-me…
Também queria perguntar ao Presidente em que partido votaram os "mercados" e os "credores". É que os votantes do Bloco e do PC são treta, mas ele mostrou bastante respeito pelo voto dessas entidades. Sugeria nas próximas eleições que as urnas fossem separadas por valor: 5, 10, 20, 50, 100 euros, etc, e assim sucessivamente. Os votos de 500 euros valiam por 500 pessoas. Os desempregados votavam com notas de monopólio para se sentirem parte do processo. E recebiam um chupa democrático com o boletim.
Por fim, foi enternecedor ver Cavaco falar com desdém "dessas forças políticas" (Bloco e PC), como se fossem algo maligno à democracia. Para o Presidente a Catarina e o Jerónimo são perigosos, mas, por exemplo, Duarte Lima que foi líder da sua bancada parlamentar, Dias Loureiro, Conselheiro de Estado, etc, são tudo exemplos de vida para qualquer um de nós. Acho que, Cavaco em pequeno nunca ouviu, "cuidado com as companhias". Ou, se calhar, a má companhia era ele. Agora fiquei na dúvida. Também gosto, "diz-me com quem andas que dir-te-ei quem és"…
Depois de Sócrates, Passos Coelho, Salgado, Bava, Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima, Armando Vara, Portas, etc, que guindaram o país ao sucesso, realmente quem nos mete mesmo medo é a pequenita Catarina, e o avô bonacheirão, Jerónimo. É que com esses dois era capaz de ir jantar e deixar a carteira em cima de mesa. Com os outros, além de ficar nu, ainda pagava a conta e dava dinheiro para o táxi.
Antes de terminar, virão aí aqueles, "ah e tal os comunistas comem crianças ao pequeno-almoço". Belos tempos: tomara muito portugueses terem um "bracinho de uma criança" todos os dias para comer. Clima de medo que eles gostam de pôr...
"Ah o Bloco quer nacionalizar a Banca". Já chegam tarde, PS e PSD têm feito isso, de maneira original. Pagamos mas não gozamos. Já enterramos 16 mil milhões na banca, sem a nacionalizar. Ou seja, quando dá lucro eles repartem, quando dá prejuízo é "nacionalizada", a bem da "estabilidade financeira" - mais uma vez, o medo. Mas o bloco é que é mau. Funciona assim: para "nacionalizarmos" o BES tivemos de dar, por exemplo, 3 milhões ao Salgado, para ele vir cá para fora e deixar a pulseira, usufruir dos restantes 4 mil milhões, que iremos "patrocinar" para "salvar" o Novo Banco. Só parece confuso. O Bloco né?
PS - Uma coisa que me chamou à atenção é que o Presidente pelo andar, anda todo assado. Sugeria um creme gordo ou pó-de-talco com cheiro.
Nestas eleições tenho a dizer que senti algum orgulho, pois até à hora em que votei era um dos únicos 7 portugueses que tinham votado e que não estavam em prisão domiciliária.
Sobre o resultado das eleições sinto-me como se tivesse sido assaltado, me levassem a carteira e deixassem o relógio, e passados 4 anos fosse à procura do ladrão para dizer que se tinha esquecido do relógio.
No entanto, a democracia funcionou e não posso de parabenizar os vencedores. Falo obviamente de Paulo Portas e António José Seguro. Ambos tinham desaparecido se António Costa ganhasse. Paulo Portas que já liderava o partido do táxi, se tivesse ido a votos sem ser em Coligação, via-se à rasca para ocupar um monociclo, ou uma cama de meio corpo. Portas é como quando pisamos cocó de cão: por mais que limpemos não nos conseguimos ver livre dele.
Já António José Seguro que não tocava no álcool desde a viagem de finalistas da 4ª classe, com a derrota do Costa, decidiu partir para a loucura e mamar duas garrafas de Champomi e fumar dois maços de cigarros de chocolate. Espero que as facas que o Costa enfiou no Seguro, as tenha jogado fora, porque já ontem andavam socialistas a escorrer sangue para lhe fazer a depilação aos pêlos das rótulas. Perder as eleições contra este PSD é o mesmo que chumbar num teste de urina. Não acontece!
Um facto curioso resultante da noite eleitoral é que o Bloco de Esquerda, o PCP, o PSD, e o CDS, mostraram-se disponíveis para governar, já o PS, ninguém entendeu se quer virar um partido esquizofrénico. António Costa já se percebeu que é um homem de charadas, e o discurso de ontem, foi mais uma. O problema é que nem ele sabe resolver as que cria. O campanha do PS foi um labirinto, em que ninguém sabia o caminho da saída.
Mas o futuro do PS parece ainda mais radioso. Um sondagem dá 50% a Marcelo e 17% a Maria de Belém, para as presidenciais. Uma opinião que é só a minha. Ou dão a liderança ao Tino de Rãs, para rirmos com as coisas dele, e fazer do PS um partido sério, ou vendem a sede no Largo do Rato, que ainda vale uns cobres, compram bebida, sobem à ponte 25 de Abril, e depois fica ao critério de cada um o que fazer. Mas isto sou eu a dizer. Ainda ontem ia alguém nu a correr na segunda circular com a bandeira do PS… Fica a dica.
Bom, mas a beleza da democracia, e do arco da governação, é que daqui a "meia dúzia de dias", o PS servirá o mesmo prato que o PSD serviu a José Sócrates, e fará cair o governo, inviabilizando a passagem de um qualquer "PEC IV" de ocasião. Calma que é pelo nosso bem.
Passando à Coligação, agora que ganhou, o mínimo que espero é que cumpra a promessa de subir o IMI para os escalões máximos. Só para adocicar e não nos esquecermos quem são. Que eles "Podem Mais". Tenho também esperança, que legitimado, Passos Coelho se sinta à vontade para nomear o seu amigo e exemplo de vida, Doutor Dias Loureiro, para ministro das finanças.
Não sei se repararam, mas o pessoal da Coligação, na campanha, dizia à boca cheia que ia devolver alguns cortes, a sobretaxa etc. Para quem esteve atento ao discurso de vitória do Pedro, ouviu-o reforçar essas promessas, mas acrescentou uma nuance que não se ouvia: "vamos devolver, sem nunca esquecer que queremos um país responsável". Ora se para termos um "país responsável", Passos só poder cumprir as promessas que fez em 2015, em 2070, podem começar a arranjar algo fofo para se sentarem. Este é o mesmo Passos de 2011, mas agora aprimorado.
Este ano o único item que teve aumento, na Educação, foi o ensino privado. Estamos no bom caminho para a escola pública ser ao ar livre, com os alunos sentados no barrote, e a escreverem em lousas.
Acho que o povo português está a sofrer do Síndrome de Estocolmo. Depois de 4 anos de ser sodomizado por este governo, e sem sequer com barramento com creme gordo, certamente começou a gostar do abusador, quem sabe até, a sentir algum amor por ele.
A nossa sorte é que Cavaco Silva já não se pode candidatar…
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