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Em tese sou contra o piropo por uma razão muito simples: ninguém tem o direito de invadir a privacidade do outro, seja de que maneira for. E se o for com, "levavas uma trancada que ficavas toda assada", também não me parece a melhor forma de ultrapassar essa linha.
Continuando na minha análise pessoal, assumidamente não serei o maior fanático de saber que alguém diz que quer fazer "um pijamaminha de cuspo" à minha mãe - ainda por cima o meu pai é um bacano e trata-a nas palminhas; a uma namorada/mulher, "ó flor, dá para pôr"; ou a uma irmã, "ó boneca, vai uma queca". Admito que isto me deixaria tremendamente desconfortável, logo...
Independentemente desta minha posição, é com pena que se vê ruir uma tradição secular de poetas, quem em vez da caneta, usaram o andaime como fonte inspiradora. Para muitas mulheres, o desaparecimento do trovador de betoneira, deixar-lhes-á o dia mais triste, mas para colmatar esse vazio sugeria uma solução simples: uma APP criada pelos piropeiros, a disponibilizar os locais onde as interessadas poderiam ouvir piropos - acesso restrito para evitar a PIDE do piropo. Tipo uma zona de fumadores para piropos. Isto ou organizar tours com ruas, divididas por cores, em que as cores mais claras incidiriam nos piropos mais inofensivos, e nas mais escuras, as visadas seriam contempladas pelos piropos mais badalhocos, acompanhados de roncos, gritos, assobios, gargalhadas em grupo, e aconchego das partes intimas para reforçar o entusiasmo.
No entanto é preciso levar em linha de conta que um piropicida está habituado a cometer o piropicínio diariamente, e terá dificuldade em largá-lo do pé para a mão. Assim, urge criar grupos de apoio ao piropodependente, que o apazigue deste sofrimento. "Olá, eu sou o pé de cabra, e sou piropícida há 30 anos. Comecei com um sorriso tímido para uma transeunte, e hoje já chego a colocar a genitália de fora". Estes serão os casos mais graves, mas sei que estão a perceber a ideia.
Não deixa de ser curioso que o piropo elogioso e de cariz sexual, está criminalizado, mas se dissermos a uma mulher que é feia como uma alfaia agrícola, que preferíamos entalar o berimbau numa porta de correr do que fazer amor com ela, ou que com aquela tromba devia ser obrigada a andar de burka, não há qualquer penalização, pois não é considerado assédio. Interessante...
Foi uma pena Ricardo Salgado não ter dito que os portugueses são um povo bonito por lhe terem financiado a gestão "descuidada". Se assim fosse hoje estava de cana, como só faliu um banco, anda a gozar os prazeres de cascais.
Se eu disser que vocês são espectaculares, poderá ser considerado piropo?
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